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segunda-feira, 28 de junho de 2010

a sós

Eu não sou forte não. Preciso mesmo de você aqui.
Tenho um lema gravado em mim, uma missão, uma filosofia de vida. Eu preciso constantemente olhar as palavras cravadas para não esquecer "Me libertar e prosseguir, viver".
Mas agora enquanto olho ao espelho essas palavras ficam tão soltas, tão sem sentido, como se não tivessem ligação nenhuma. Libertar, prosseguir, viver. Só palavras avulsas, como eu.
Libertar é impossível porque eu não me permito deixar isso pra trás; prosseguir fica impraticável, quando continuar significa aceitar morrer um pouco mais, morrer para um passado, passado recente.  Viver...? mas eu vivo tanto, já não é suficiente?
Ficar parado é tão cômodo, as lembranças não vão embora. Sinto até o estado de inércia.
Não me façam perguntas, não exijam mais do que posso dar. Indisposição mental, reclusão espiritual. Não paro mais em casa, só me distraio na rua. Não quero ficar aqui, avulsa. A menos que você fique para mais uma música.

Continuar é arte, e eu nunca fui boa artista. 

Ritual @ Rancore




Atravessa a alma queima
Alucina o animal em mim que vive e ferve nesse ritual

Eu incendeio a noite na cidade
chamo pela liberdade
você esquenta, o sangue arde
me lavei na tempestade
pode vir agora

Mostro a cara
Não falo do que poderia ser
(pois sei)
Eu sei que logo tudo isso vai morrer

Atravessa a alma queima
Alucina o animal em mim que vive e ferve nesse ritual

Eu incendeio a noite na cidade
Chamo pela liberdade
E chamo alto
O sangue arde
Me lavei na tempestade
Pode vir


Atravessa a alma queima


E eu incendeio
A noite na cidade
Chamo
pela
Liberdade

sexta-feira, 25 de junho de 2010

in the head, in the heart

Ao reler páginas passadas eu me pergunto: por que eu insisto? Por que eu simplesmente não deixo isso pra lá e prossigo minha vida? Será tão difícil assim? Será que não suportaria a dor que poderá causar?
Mas aí eu paro pra pensar e vejo até algo poético nisso tudo. Aliás deve ser isso que me move, esse lirismo distorcido. Eu sempre gostei daquelas histórias antigas da mocinha que esperava pelo protagonista enquanto ele estava na guerra com devoção e fidelidade intactos. Sabe gente que nasce pra sofrer? Então, essas sempre me inspiraram, sempre me faziam chorar, meu olho brilhar e o coração palpitar, suspirando. Sempre tem algo que me instiga. E hoje eu me vejo nesse papel, o da moça que fica parada no porto esperando o amado voltar. Só espero que eu não acabe virando estátua. Porque meu coração, ah esse batalha pra não virar pedra.

terça-feira, 22 de junho de 2010

mania de eternidade

Hoje sentei na calçada e parei. Nem sei se passaram horas ou apenas minutos, mas bem em meio ao caos, eu desconectei, e é neste júbilo que escrevo. A grama está baixa, o céu com poucas estrelas, mas uma em especial me observa; a lua está cheia às minhas costas, iluminando uma porção de céu em volta. Espero que ela esteja iluminando você também.
A música sempre me faz companhia nessas horas e eu gostaria de de registrar todos os versos, métricas e rimas.
Eu não consigo parar de pensar em você. Sentimento que se multiplica ao dividir, e eu estou banhada dele. Das pontas dos dedos dos pés ao último fio de cabelo, passando pelo corpo todo como uma corrente elétrica.
Eu sei que você sabe que eu te amo. Mas será que você tem noção de como e quanto eu o amo? É tanta coisa em você que eu amo. Será que você faz idéia da dimensão disso? E eu tenho tanto medo de amar e desamar e re-amar que eu cheguei a me fechar, trancando o peito com os braços mesmo, tentando assim quem sabe ficar imune a qualquer investida. Que ilusão. Mas aí que o acaso, grandioso que é, sabendo das deficiências da minha medíocre defesa e usando-se de estratagemas, me levou para um outro caminho, em que fui obrigada a descruzar os braços. Quando ví, fui tomada por sentimentos que me adentraram e abriram caminhos até meu coração, fazendo-o bater novamente, de forma tão forte como se para compensá-lo de todo o tempo em que ficou parado. Os meus pulmões foram invadidos por um ar novo, quante e adocicado, impossível de resistir. E quando me olhei no espelho estava tão bem que é difícil de acreditar que não tivesse sido assim desde sempre. Esse sentimento me caiu tão bem, como uma roupa incrivelmente confortável que toma as medidas do corpo. Aprendi a amar sincera e incondicionalmente, sem advérbios de condição. Mas mesmo sendo tudo tão bom, às vezes é ruim a sensação de que nem todos os segundos de todas as horas são suficientes. Gostaria de me bastar um pouco, mas é essa mania de eternidade que tenho. Além de tudo ter que ser tão intenso que preciso chegar ao final de mais um texto repetindo que em todas as horas do meu dia lembro e peço por você; e que nem todas as cores ou as mais belas palavras e canções reunidas expressarão fielmente o que sinto aqui dentro por você desde que cruzou aquele caminho em que o acaso me levou.

Eu o escolhi para dedicar todos os meus 'eu te amo' da próxima eternidade, que só saberemos quanto durará vivendo.

Vivendo e aprendendo